Acometido pela loucura ou mesmo pela soberba, por vezes,
o dono da fazenda convoca o capataz, a esposa, os filhos e alguns amigos,
também proprietários de fazendas, para vê-lo lançar diamantes no chiqueiro.
Eles se riem pelo fato de os habitantes dalí não darem
absoluta importância para aquilo, mesmo podendo, aquelas pedras, conferirem-lhes certo poder. O fato é que, no caminho e na disputa pela lavagem, não
há tempo para essas pedrinhas superfulas.
Quando um deles percebe a graça e avança no fazendeiro, o
capataz já trata de espancar o bicho e devolvê-lo ao cercado. Um homem de
fidelidade canina, mas não tão ponderado quanto o cão. A verdade é que o
fazendeiro sabe bem escolher capatazes, homens que gostem mesmo é de violência.
Os amigos, a esposa e os filhos por vezes se preocupam se
alguma pedra não pode acabar perdida na lama, ao dispor dos bichos, mas o
fazendeiro está certo de que eles não se interessam, e, quando possam vir a se
interessar, basta pegar de volta. Os bichos não tem força pra pegar o que
quiserem.
O fazendeiro é um homem prudente, mesmo na loucura.
Bichos cercados não fogem. Famintos não se preocupam com diamantes. E cuida
sempre pra que os filhos os provoquem de fora do cercado, eles se batem
lá dentro e não se juntam pra escapar. Assim o pequeno um dia será um bom
fazendeiro como o pai, mas com mais diamantes.