quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A herança da fazenda

Acometido pela loucura ou mesmo pela soberba, por vezes, o dono da fazenda convoca o capataz, a esposa, os filhos e alguns amigos, também proprietários de fazendas, para vê-lo lançar diamantes no chiqueiro.
Eles se riem pelo fato de os habitantes dalí não darem absoluta importância para aquilo, mesmo podendo, aquelas pedras, conferirem-lhes certo poder. O fato é que, no caminho e na disputa pela lavagem, não há tempo para essas pedrinhas superfulas.
Quando um deles percebe a graça e avança no fazendeiro, o capataz já trata de espancar o bicho e devolvê-lo ao cercado. Um homem de fidelidade canina, mas não tão ponderado quanto o cão. A verdade é que o fazendeiro sabe bem escolher capatazes, homens que gostem mesmo é de violência.
Os amigos, a esposa e os filhos por vezes se preocupam se alguma pedra não pode acabar perdida na lama, ao dispor dos bichos, mas o fazendeiro está certo de que eles não se interessam, e, quando possam vir a se interessar, basta pegar de volta. Os bichos não tem força pra pegar o que quiserem.

O fazendeiro é um homem prudente, mesmo na loucura. Bichos cercados não fogem. Famintos não se preocupam com diamantes. E cuida sempre pra que os filhos os provoquem de fora do cercado, eles se batem lá dentro e não se juntam pra escapar. Assim o pequeno um dia será um bom fazendeiro como o pai, mas com mais diamantes.