quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Os Bigatões das Eternidades Cegas


Sábado passado, dia 12 de novembro, decidi testar uma lista no campeonato de standard que achei bem bacana na internet, principalmente pelo fato de ter quase todas as cartas e ser uma lista diferente do meta atual, que aliás, tem me animado bastante pela diversidade. Trata-se dos Bigatões das Eternidades Cegas, o Mono Black Eldrazi. Como pode ser visto na imagem (e no link no fim do texto) a principal mudança da lista original que vi é que na minha não vai Kalitas, mas o Dobramentes. Eu bem sei que suas funções são bem diferentes e que a entrada do vampiro tornaria o deck bem mais consistente, mas há um detalhe muito importante aqui: O bicho está caro e eu não tenho, como o Eldrazi eu tinha na pasta juntando mofo, achei que encaixaria no deck melhorando os matches que eu esperava encontrar na loja, enfim, vamos ao report.
Primeira rodada e sou pareado com um UW Flash, de acordo com o dono do deck, manco e com várias cartas essenciais tendo apenas 1 off. Ganhei no dado, comecei botando pressão com o Parasita, removendo algumas ameaças, mas o fato é que depois de três Mago Refletor seguidos de um Gideon e Avacyn não dava mesmo pra segurar. Ainda houve um momento que errei feio no início dessa partida dando alvo com a Presença de Titã no Espírito Altruísta ao invés de dar alvo no outro bicho pra, no turno seguinte, usar a habilidade do estrangulador. Sem card exilado dele, o estrangulador foi um mero 3/2 vanilla.

No segundo game o jogo foi mais apertado, consegui arrancar Gisela e Gideon da mão dele, depois Remover Avacyn com Trilha Ruinosa COM AWAKEN, mas o jogo acabou virando mais uma vez e fui consumido aos poucos por outra Avacyn junto de um Altruísta. Começo dramático, 0-2 0-1.
Segunda rodada e sou pareado com o rapaz que eu havia emprestado um deck. Outro UW, mas esse era de Espíritos, focado nos espíritos com algumas tricks que eu havia colocado. Sem Avacyn, Gideon e Cóptero eu sabia que o match não seria tão complicado quanto o primeiro, mas ainda assim eu precisaria, no mínimo, parar de cometer erros bobos.
No game um ele começou colocando pressão e removendo minhas criaturas, mas antes de chegar a dez de vida consegui estabilizar e fechar a partida com Parasitas e Estranguladores com poder 4 por causa das Ruínas. Game dois ele trava no segundo terreno e eu consigo resolver dois Videntes. Perto do fim do jogo ele compra uma declaração em pedra que me faz suar frio, “anula” alguns ataques meus com dois Arautos de Nebelgast e um Demônio das Profundezas Ancião, mas devido à falta de terrenos nos turnos iniciais eu ainda consigo contornar e fechar o jogo com o que havia na mesa. 2-0 1-1 e eu começo a me animar um pouco.
Terceira rodada e meu oponente está do que? Siiim, novidade, UW Flash, completo, e na minha cabeça era uma espécie de vingança. Game um, ambos fazemos mulligan pra seis e ele começa devagar, eu consigo colocar uma pressão, acertar em algumas remoções pontuais que dão a volta no Espírito Altruísta e consigo fechar com Dobramentes e dois Parasitas Tunados. Game dois fazemos mulligan pra seis novamente e quem começa devagar sou eu e acabo tomando pressão de Espírito Altruísta com Cóptero e Gideon, quando coloco alguma coisa na mesa pra tentar estabilizar, tomo um Mago Refletor e dano letal. Na última, mulligan pra seis pros dois lados de novo e o jogo tem um começo lento pros dois lados. A primeira coisa que faço é um Vidente no turno quatro e vejo ele com uma mão gorda, mas sem o quarto terreno. Decido por arrancar o Gideon, já que caso ele compre o terreno eu teria problemas sérios pra lidar com isso. Ele passa sem fazer terreno então na vez eu ataco primeiro e depois sacrifico o próprio Vidente pro Dobramentes tirando Avacyn. Tiro a única carta que sobrou da mão dele, um Gideon (também tinha uma ilha que comprou com a habilidade do vidente), com Transgredir a Mente e passo deixando ele no top deck. Depois de alguns turnos fazendo terreno e passando o jogo termina sem mais surpresas. 2-1 2-1.

Quarta rodada e eu pego um Temur Emerge. Ambos fazemos mulligan pra seis e, pra variar um pouco, eu começo devagar, mas tentando bater. Não demora muito pra ele fazer um Emrakul e um Breaker. Com pouca vida, ele não arrisca bater esperando alguma possível resposta (que eu não tinha). Quando ele decide bater eu vou a dois e acho que posso ganhar. Ele com seis de vida, desço o Arrebentador e bato, mas ele tinha o terreno 3/3 e nem com o meu Contorção Espacial eu conseguiria causar os seis. Segundo game minha mão vem bem forte, eu começo agredindo de Parasita e fazendo descarte atrás de descarte. Turno quatro um Vidente tirando a Aranha (e vendo três Demônios) e no cinco Estrangulador matando o Filigrana e outro Parasita. Ele não chega a conjurar nenhuma criatura grande, fazendo Olho do peregrino e descendo terreno virado e eu fecho com a mesa mais um Arrebentador (que nem precisava, mas que por via das dúvidas decidi fazer pra garantir). No terceiro game ele começa com dois terrenos que entram virados e um Atravessar o Ulvenwald pra pegar terreno básico, mas fica os turnos quatro e cinco sem descer terreno enquanto eu agredia com Parasita, Remoldador e Vidente. Ele até responde um dos ataques com Retorno de Kozilek, mas o Remoldador Coloca um Estrangulador em jogo e no final do turno dele eu trago o Parasita de volta pro jogo exilando o Remoldador. Na vez eu desço um Arrebentador e coloco marcador com Oran-Rief batendo letal. Achei bacana os games e fiquei ainda mais animado com a possibilidade de premiação, 2-1 3-1.
Quinta e última rodada e sou pareado com um rapaz que estava sem derrotas, mas havia empatado duas. Um BG Aristocratas bem bacana, mas que não esconde a deficiência pela falta de uma engine de sacrifício. No game um ele me agride pouco e eu começo dar o troco de forma gorda. Quando acho que está controlado ele resolve uma Pária Voldaren e me manda sacrificar todo mundo. Eu dou topdeck num Homicídio e no turno seguinte faço outro Arrebentador que acaba fechando a partida. O segundo game ele abre com várias criaturas e forra de token até o turno três. Eu limpo tudo com Gavinhas e começo a construir o board com Vidente, dois Remoldador, Parasita e Estrangulador. Ele forra de token mais uma vez e eu decido começar bater, desço Arrebentador e bato com tudo, no block, ele escolhe o terreno com toque-mortífero no Arrebentador e bloqueia o que dá indo a três de vida e ficando com alguns bichos ainda. Ele bate me levando a doze e na volta faço outro Arrebentador com marcador de Oran-Rief, superando os blocks que ele tinha calculado. Ele mesmo que criou o deck e eu achei bastante interessante, mas a falta da engine de sacrifício pesou. Talvez deva ser possível compensar com alguma coisa que a próxima coleção venha nos trazer. Enfim, 2-0 4-1.


Fiquei com a terceira colocação no campeonato e pra ser bem sincero o deck me surpreendeu. Com o devido treino deve ser possível ter um desempenho bom até mesmo em campeonatos grandes. Fica a dica aí pra quem quer jogar Standard e não gastar muito, porque o deck está bem abaixo do valor das listas tier 1 que estão bombando, e o desempenho não deixa nada a desejar.

Lista do Mono Black Eldrazi 12/11/2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sobre mentes blindadas

Ainda que possa sugerir uma boa qualidade, o que pretendo definir nas linhas que se seguem é um grave problema crônico e contagioso que tem afligido cada vez mais pessoas, e que posso notar um crescente aumento nos últimos tempos. Trata-se de mentes blindadas.
Ao longo da história, vários estudiosos devotaram suas vidas a investigar a forma como adquirirmos conhecimento e como sofisticamos o conhecimento que adquirimos, e dentre os que tive a oportunidade e o prazer de tentar compreender, não me lembro de um sequer que tivesse sugerido que o desenvolvimento intelectual, bem como sua sofisticação, pudesse se dar num absoluto ostracismo.
Tive contato também com diversas tentativas de desenvolvimento de técnicas para se produzir conteúdo imparcial e cheguei à conclusão de que, embora seja impossível produzir conteúdo imparcial, fazer o possível para que o conteúdo seja o mais imparcial possível é uma conduta necessária.
O motivo é bem simples: Qualquer que seja o experimento ou a pesquisa necessitará de uma base para ser experimentada, uma base conceitual, sensorial e por vezes até ideológica, e sem essa base a experiência nada dirá. Por outro lado, deve ser tomado um cuidado constante para que a base não suprima os dados da experiência, impossibilitando a chance de aquisição ou expansão do conhecimento.
Acontece muito quando se espera um determinado resultado e ele não se mostra e é aqui que mora o problema. Se o resultado esperado não acontece, ou seja, se há divergência entre o esperado e o dado apresentado, basta abrir a mente e tentar entender os motivos pelos quais o resultado se deu, ou também os motivos pelos quais os resultados esperados eram outros senão os que se deram.
As bases são necessárias para compreender o mundo e seus fenômenos, mas não precisam ser sólidas o bastante para contestar o próprio mundo. Basta compreender que se a principal função dessas bases é a compreensão do mundo e não estão proporcionando essa compreensão, o que se deve fazer é contestar essas bases, aperfeiçoá-las, fazer com que elas consigam explicar cada vez mais coisas, e não introduzir possíveis erros para que o mundo continue sendo explicados nas bases antigas. Esse é o processo inverso.
Ao sofrer abalos do mundo que não é capaz de explicar, a mente se sofistica, evolui, e tende a compreender cada vez uma gama maior de fenômenos. É assim que o conhecimento se desenvolve.

 Quando a mente é blindada, ela detém todas as respostas para todas as possíveis perguntas, e tudo aquilo que não pode ser explicado por suas bases não denotam a limitação da mente, mas a ausência de sentido do mundo. Qualquer problema que supere as condições de observação dessas bases sugere erro. Na verdade, trata-se apenas da falta de desapego a essas bases, desapego que pode ter das mais variadas causas.